por Ana Raquel
Andando pelas ruas do meu bairro com um amigo, fizemos uma análise sobre o comportamento de outro amigo nosso. Ele disse:
— Estou preocupado com o Roberto
— Eu sei, também estou
— Ele está indo para esta festa cheio de esperanças de que vai voltar com a Núbia
— Sim, e ele está se preparando por esta festa há muito tempo. Pelo menos há uns três meses
— Mesmo? Como você sabe?
— Ué, porque você acha que ele emagreceu, entrou na academia mais cara de São Paulo e não pára de malhar que nem um louco? Ele não é atleta...
— É verdade... Por isso ele está nessa loucura de malhar todos os dias. Como eu não percebi isso antes?!
— Você não percebeu porque esse é um comportamento típico de mulher. Malhar ou fazer regime para se preparar para um evento. Você se lembra de quando eu namorava o Otávio? Antes de encontrá-lo em BH, fazia um regime de frango e arroz integral por uma semana. É a mesma coisa!
Nesse dia, continuei com isso na cabeça por muito tempo. Nós mulheres nos preparamos por uma festa, uma viagem, um encontro... E muitas vezes, nem mesmo há um objeto de desejo em questão. Os rituais de preparação femininos sempre existiram e continuam ocorrendo, independente das conquistas e emancipação alcançadas por nós, após o surgimento da pílula.
Entretanto, o comportamento do meu amigo foi obviamente feminino pelo fato de ele estar apaixonado. Então, quando os homens amam, ficam femininos? Os homens têm os cromossomos XY e as mulheres XX. Será que o amor está no X? Naquilo que nos torna mais próximos um do outro? Será que não somos tão diferentes assim? Várias indagações filosóficas sobre os sexos surgiram a partir daí...
Não acredito que esse tipo de comportamento masculino seja uma novidade devido às nossas conquistas femininas. Afinal de contas, o amor sempre existiu. (Eu acho...rsrsrsrs). E estamos todos sujeitos a ele, independentemente do sexo.
Biologicamente temos nossas óbvias diferenças físicas e, como já sabemos, nossas outras características são determinadas não só pela genética, mas também pelo ambiente. Homens sofrem e choram por amor, assim como as mulheres também podem ser duras, frias e indiferentes quando querem. Temos todos os clichês ao nosso alcance.
Acredito que a liberdade de ambos os sexos estará no fim do julgamento preconceituoso que tenta definir aquilo que cada sexo é capaz ou não. Felizmente acredito também que estamos cada vez mais próximos do momento em que não seremos classificados pelo sexo e sim, simplesmente, classificados como seres humanos. Eu sei... Falta MUITO ainda, mas sempre fui sonhadora e otimista!