sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Onde mora a felicidade?

por Ana Raquel


Todos nós vivemos em busca de alguma coisa. Um trabalho dos sonhos, um amor, uma casa... Muitos podem ser os sonhos, mas o fim é sempre o mesmo. Buscamos a nossa felicidade. Mas será que a nossa felicidade está no óbvio? No mesmo sonho que sua amiga de infância teve?


Sempre imaginei que a minha felicidade era o padrão, sonhado por mim e por meus pais. Um emprego estável, um marido e mais tarde filhos. Fiz o esperado. Encontrei uma graduação que me apaixonou. Lá mesmo, me apaixonei pelo homem que julguei ser o certo. Seguindo o protocolo, no auge da paixão me casei. Seguindo o protocolo, deveria arrumar um emprego estável e logo depois, abrir a fábrica de fazer bebês. Entretanto, as coisas não seguiram bem o planejado. Estudei Ciências Biológicas e após me formar, enveredei-me cada vez mais pelo caminho da pesquisa no pós graduação. O emprego estável para mim seria dar aulas em alguma instituição particular ou pública. Entretanto, descobri que a paixão que sinto pela bancada do laboratório, desenhar estratégias de clonagem e ver o resultado final, são inversamente proporcionais ao que sinto por lecionar. Enfrentar uma sala de aula é algo que realmente não me faz feliz. O tão apaixonado casamento não foi feliz. A pessoa que julguei certa era incompatível.


Havia sempre conversas sobre um futuro filho. Instintivamente, talvez, nunca tive coragem de parar com a pílula. Sempre pensava “será que uma criança seria feliz aqui? Preciso pensar mais, preciso sentir que é a hora certa”. E a hora, nunca chegou. Hoje, estou divorciada e procurando um emprego que, ao final do doutorado, mantenha-me na pesquisa. Talvez, nunca sinta que é a hora certa de ter um filho. Talvez, se voltasse no tempo e visse o atual cenário, eu me assustasse... Ontem comemorei meu aniversário com minha amigas, que entraram em minha vida após o divórcio. Resolvi fazer um exercício e me lembrar dos meus aniversários dos anos anteriores. Aqueles em que passei planejando um futuro óbvio, não foram nem de perto felizes. Foram na cama chorando por alguma briga sem razão, ou sozinha e imaginando que no próximo ano seria melhor. Ontem pensei... O próximo ano não precisa ser melhor, pode ser exatamente assim. Agora estou feliz.

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