quarta-feira, 28 de abril de 2010

O maior QI do mundo é nosso

A norte-americana Marilyn von Savant conseguiu figurar no livro Guinness de recordes com o mais alto quociente de inteligência já medido: 228 pontos.

Marilyn von Savant, nascida nos EUA em 11 de Agosto de 1946, conseguiu uma façanha: figurar no livro Guinness de recordes com o mais alto quociente de inteligência - QI já medido: 228 pontos. O segundo da lista é um homem e não passa nem perto dela, com 197 pontos. Aos 10 anos, quando fez um teste de inteligência, Marilyn não ultrapassou os 167 pontos. No entanto, em 1984, submetida a oito provas alcançou os pontos que lhe deram a fama da noite para o dia. Modesta, Marilyn afirmou, na época, que não se deve supervalorizar as provas pois elas se baseiam unicamente no pensamento lógico. "Ter um quociente intelectual muito alto não garante a felicidade de ninguém. As pessoas se aproximam de mim achando que sou um monstro, os homens principalmente, que agem agressivamente para tentar superar o sentimento de inferioridade que eu lhes provoco", ponderou ela.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Novos estereótipos femininos e masculinos na literatura infantil

Para evitar que as novas gerações repitam os papéis que aprenderam ainda na infância – em que as princesas sempre esperam os príncipes salvá-las -, e se frustrem, algumas escritoras estão se dedicando a escrever livros infantis que brincam com os papéis tradicionais de cada sexo, como “Me chame Madame Presidente” e “Meninas pensam sobre tudo”.

Viv com seus filhos

Quando viu sua filha de 3 anos interessada em carregar uma bolsinha com batom e seu filho de 6 anos querendo deixar as meninas de fora de sua festa de aniversário, a jornalista Viv Groskop (na foto com os dois filhos), do jornal britânico The Guardian, decidiu testar os benefícios dessa nova literatura infantil.

Entre os livros que Viv leu para os seus filhos estão histórias de uma menina que perdeu a mãe e tenta resgatar o pai perdido no mar, de uma princesa que não quer casar e transforma o príncipe apaixonado em um cogumelo e de uma mãe-pirata que acaba obrigando os sequestradores da filha a fazer trabalhos domésticos.

Depois das leituras, as duas crianças ficaram um pouco ressabiadas com o fato de a princesa não querer casar – não lhes parecia “natural” -, mas o menino passou a gostar de fazer bolos e a menina, a imitar o Luke Skywalker.

A Estátua da Liberdade é mais feminina do que parece


A Estátua da Liberdade para os milhões de emigrantes que procuram na terra norte-americana um abrigo seguro, é o símbolo da promessa de liberdade. Mas o que poucos sabem, é que o poema gravado nos pés da estátua, famoso em todo solo americano, e que expressa a angústia e a esperança destes homens, é de autoria de uma poetisa norte-americana, Emma Lazarus, nascida em 1849.

"Venham a mim os exaustos, os pobres, as massas confusas ansiando por respirar liberdade"

Mulheres na guerra

Matéria de Natália Rangel, publicada na revista IstoÉ de 12 março 2010

Um numeroso e pouco conhecido exército de guerrilheiras, oficiais, pilotos e atiradoras de elite, todas fortemente engajadas – e armadas – nas batalhas deflagradas pela Segunda Guerra Mundial, é agora retratado em textos e raras imagens no livro “Mulheres na Guerra” (Larousse), do historiador francês Claude Quétel. Ele escreveu sua obra a partir de estudos sobre o assunto que vêm sendo produzidos desde a década de 1970 (a publicação inclui uma rica bibliografia) e lança um novo olhar sobre a participação das mulheres no conflito. Sua tese é de que a historiografia moderna relega a atuação feminina a um segundo plano e seu objetivo é mostrar que ela esteve presente em todas as dimensões da guerra. Quétel recupera a biografia de importantes personalidades desse período cujas trajetórias foram esquecidas ou nunca documentadas: “As mulheres veem a sua história dissolvida na história dos homens.” Numa das fotos incluídas nesse livro estão duas militares fazendo tricô diante de seus furgões blindados do Exército francês – emblemática da habilidade feminina de se desdobrar das agulhas às armas. O tricô das oficiais do século XX não tem nada do romantismo da mitológica Penélope, que tece enquanto espera o futuro marido chegar de suas homéricas batalhas. Elas tricotam no front e estão a postos no conflito de Garigliano, na Itália.

Entre os personagens destacados no livro está a belga Odette de Blignières, jovem de uma família aristocrática que trabalhou como manequim da Maison Chanel antes de entrar para um grupo internacional de resistência à ocupação alemã. Em 1942, ela contribuiu com transporte e munição para que soldados aliados fugissem pelos Pirineus e alcançassem Londres viajando pela Espanha. Também militou no movimento antifascista italiano ao lado de outras mulheres. Conhecida como a “ciclista que detonava explosivos”, a química francesa Jeanne Bohec foi escalada para trabalhar na confecção de armas de sabotagem. Além de fabricá-las, ela as utilizava para detonar ferrovias e cumpria sua missão in loco de bicicleta. Em 1944, ela estava no grupo que resistiu a um ataque alemão em Saint- Marcel. Jeanne sobreviveu e recebeu honrarias militares ao final da guerra. Outra francesa, Georgette Gérard, entrou para o grupo de Resistência de Lyon e atuou no movimento Combat. Em 1943, ela era a capitã de um grupo de cinco mil guerrilheiros divididos em 120 acampamentos localizados em florestas. Para “inspirar confiança”, se fazia passar por um oficial e se autodenominava “comandante Gérard”. Poucos subordinados sabiam que se tratava de uma mulher.

Em Berlim, uma extraordinária manifestação de caráter antinazista foi protagonizada por mulheres. E deu certo. O protesto de Rosenstrasse envolveu centenas de alemãs casadas com judeus, que reivindicavam a libertação de seus maridos. Após uma semana de intensos motins, Joseph Goebbels libertou cinco mil berlinenses de origem judaica. “O ódio político das mulheres é extremamente perigoso”, teria dito Adolf Hitler. Na União Soviética, onde o alistamento militar feminino já ocorria desde 1925, eram muitas as soldados e atiradoras que assumiam a linha de frente do Exército soviético. Uma delas foi Luba Makarova, atiradora de elite, que ilustra a capa do livro. Ela participou da conquista de Berlim, ao final da guerra, como capitã de um Exército formado por homens. Uma outra jovem soviética, integrante da Juventude Comunista, militou contra a invasão alemã a Moscou. Ativista de um grupo guerrilheiro, Zoia Kosmodemianskaia, 18 anos, organizava sabotagens às tropas alemãs e foi presa após colocar fogo em estábulos do inimigo.

Cruelmente torturada, ela foi enforcada e teve seu corpo exposto publicamente. Um repórter do jornal “Pravda” a fotografou e a imagem de Zoia e sua história a transformaram em “heroína da União Soviética”. Segundo Quétel, o fato serviu de motivação para o Exército Vermelho, que foi insuflado pelo slogan “patriótico”: “Matem o monstro nazista.” Além de narrar as histórias com leveza e sempre incluir um detalhe pessoal ou curioso no perfil de suas personagens, o autor também envereda por temas mais prosaicos. Conta, por exemplo, como a guerra determinou a moda do uso de turbantes e reproduz um relato da filósofa e escritora francesa Simone de Beauvoir, famosa adepta do adereço. Ela explica que as frequentes panes de eletricidade inviabilizaram o uso do penteado permanente (o mise-en-plis), e a crise de abastecimento fez desaparecerem os chapéus das lojas. Para não sair de “cabelos ao vento”, que era de mau gosto na época, adotaram-se turbantes. “Apeguei-me a eles definitivamente”, escreve Simone.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

"As meninas" de Lygia Fagundes Telles no teatro

O romance emblemático dos anos 70, clássico da literatura brasileira, de Lygia Fagundes Telles, ganha vida nos palcos, com adaptação de Maria Adelaide Amaral e direção de Yara de Novaes.

Na São Paulo no final dos anos 60, auge da ditadura militar, três jovens universitárias convivem num pensionato de freiras relativamente liberais e progressistas - Lia, Lorena e Ana Clara. O livro narra os encontros e desencontros dessas três garotas com o conturbado mundo que as cerca. Ano da publicação do romance: 1973. Ano também do governo Médici, de censura, de silêncio.

Com lucidez e técnica contundente, Lygia Fagundes Telles retrata esse tempo por meio dos sonhos e da ótica dessas três meninas: a aristocrática e romântica Lorena, que transpira generosidade e aspira viver um grande amor com um homem mais velho e casado; Lia, idealista e guerrilheira, a subversiva e flamante Lião, tranca a matrícula na faculdade e vai à luta pela causa da liberdade, sonhando em reencontrar o namorado, preso político e torturado; e Ana Clara, a bela modelo que mergulha nas drogas, chamada de Ana Turva pelas outras, mas acredita que um rico casamento possa libertá-la da dependência e do pavor da miséria.

Somando-se e entrelaçando-se à história principal, destaque para a Mãezinha de Lorena, tão fútil quanto atormentada pelos sinais de velhice, e com eles o terror de perder seu jovem namorado. Max; o belo e frágil amante de Ana Clara, que trafica para garantir a própria droga; Guga, colega de faculdade de Lorena, que abandona o curso de Direito para se tornar um despreocupado militante do movimento Paz e Amor; e Irmã Priscila, a freira perplexa com a revolução dos costumes que atinge a todos, leigos e os religiosos. Como pano de fundo em AS MENINAS, um apaixonante retrato político do Brasil e de um mundo em transformação. Nada será como antes. Nunca mais.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Secretaria de Políticas para as Mulheres - SPM


Conforme a MP nº 483, a SPM passa a ser "órgão essencial" da Presidência da República

A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) ganhou um novo status na estrutura do Governo Federal. Conforme a Medida Provisória nº 483, publicada no Diário Oficial da União de 25 de Março de 2010, a SPM passa a ser "órgão essencial" da Presidência da República. Ou seja, passa a ter a mesma estrutura (recursos humanos e financeiros) dos Ministérios.

Também altera o nome da SPM, que passa a ser Secretaria de Políticas para as Mulheres, perdendo a palavra “especial”. Os cargos de direção mudam de denominação: em vez de secretária-especial, ministra; secretária-adjunta, secretária executiva; as três subsecretarias (Articulação Institucional e Ações Temáticas, Enfrentamento à Violência contra as Mulheres e Planejamento e Gestão Interna) agora são secretarias.

Além da SPM, a Controladoria-Geral da União (CGU) e mais três secretarias especiais (Direitos Humanos, Políticas de Promoção da Igualdade Racial e Portos) passam a integrar os chamados “órgãos essenciais” - definidos na Lei nº 10.683/2003 - que já abrange a Casa Civil, Secretaria-Geral, Secretaria de Relações Institucionais, Secretaria de Comunicação Social, Gabinete Pessoal, Gabinete de Segurança Institucional e Secretaria de Assuntos Estratégicos.

Outra novidade é que os titulares das Secretarias integrarão o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Presidido pelo presidente da República, o CDES tem caráter consultivo, com a atribuição de propor as medidas necessárias para alavancar o crescimento do País.

Leia a íntegra da MP nº 483, de 24 de março de 2010.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

História, substantivo feminino?

reprodução dos trechos finais da crônica de Frei Beto publicada no caderno Cultura do Estado de Minas de 15 de abril de 2010

"História é substantivo feminino. Contudo, nela as mulheres costumam figurar como mera adjetivação de heróis masculinos. É hora de voltarmos aos tempos em que os hebreus ressaltavam a atuação destemida de mulheres, a ponto de a Bíblia incluir três livros com seus nomes: Rute, Judite e Ester. Sem contar a erótica do 'Cântico dos Cânticos' e a gloriosa mãe dos sete irmãos mártires descrita no Segundo Livro dos Macabeus.

Qualquer pessoa minimamente catequizada talvez saiba citar os nomes dos 12 apóstolos de Jesus. Mas quem se lembra de que, de seu grupo de discípulos, participavam também mulheres cujos nomes estão registrados no evangelho de Lucas (8,1): Maria Madalena, Joana, Suzana 'e várias outras'?"

Seminário Estadual "A Mulher e a Democracia"

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O rosto da mulher em 500 anos de arte ocidental

por Philip Scott Johnson


Música: Sarabande da Suite para Violoncelo Nro. 1 de Bach, BWV 1007 executada por Yo-Yo Ma





Indicado como o vídeo mais criativo no 2o. Prêmio Anual do Youtube

Para uma lista completa dos artistas e pinturas, visite http://www.maysstuff.com/womenid.htm

Versão em alta resolução: http://www.vimeo.com/1456037

terça-feira, 6 de abril de 2010

As possibilidades são infinitas...

por Katia Thomaz

O médico e jornalista Ricardo Coler, especialista em sociedades matriarcais, poligâmicas e poliândricas, relata n'O Reino da Mulheres [Editora Planeta do Brasil, 2008] sua interessante viagem ao povoado de Loshui, na China. Encravados entre as montanhas, vivem 25 mil habitantes da comunidade Mosuo, uma das últimas sociedades matriarcais de todo o mundo.
Destacam-se, a seguir, algumas passagens do livro para reflexão:

"No resto do planeta, os homens ocupam, por ampla maioria, os lugares de decisão e os postos de poder. Não é assim entre os Mosuo. Em Loshui, a propriedade está sempre nas mãos da mulher e, quando chega o momento, só as filhas podem herdar. Elas são donas de fazer e desfazer a seu bel-prazer. Na aldeia não há dama que careça de oportunidades, que não seja digna de consideração ou que se encontre submetida ao arbítrio da sociedade. [...] Isso significa que aqui não há quem precisa libertar-se por sua condição de mulher. São e foram livres desde sempre. O que acontece na sociedade matriarcal é fruto de uma cultura onde a condição feminina se impõe sem restrições masculinas." (p. 69-70)

"O matriarcado não é uma questão de regras que melhoram o lugar e o direito da mulher. O matriarcado é uma simples questão de atitude; o resto são referências bibliográficas. É preciso ver quem tem o comando, e não basta que as relações entre homens e mulheres sejam igualitárias. Quando a sociedade é realmente uma sociedade matriarcal, sente-se o peso da hierarquia feminina na vida cotidiana. É mister que, quando falam com um homem, façam-no com uma postura erguida, que na voz se note a autoridade, e que, quando derem uma opinião não haja lugar a dúvidas. A atitude é o que define uma sociedade como matriarcal. (p. 70-71)

"Os Mosuo denominam 'família' os que têm um laço de sangue direto entre si e convivem na mesma propriedade, a casa do clã. A figura principal é a matriarca. Com ela moram seus filhos, sua mãe e seus irmãos, tanto homens quanto mulheres. Também fazem parte do grupo os filhos das irmãs e os netos. Não existem maridos. Os homens sem laço sanguíneo direto com a matriarca pertencem a outra casa e dormem sob outro teto. Isso implica total ausência de pais e avôs, que são desconhecidos ou, na melhor das hipóteses, são considerados de outra família. Os homens que habitam a propriedade são somente irmãos, tios e filhos." (p. 48)

" Após a cerimônia de iniciação, cada mulher da aldeia tem acesso a um quarto próprio. Esta é uma diferença acentuada em relação aos homens. Eles moram com suas mães, onde têm designados aposentos de uso comum.
As mulheres, por sua vez, contam com um local reservado, um lugar onde podem ficar sozinhas, velar seus detalhes e tornar-se íntimas. Entrará exclusivamente quem elas quiserem e quando elas determinarem.
Na porta do quarto, há um gancho de madeira. Ali o companheiro que ela escolher para visitá-la esta noite pendura o gorro. O gorro na porta é um sinal, avisa a qualquer outro que venha tentar a sorte que a mulher está ocupada e não deseja ser incomodada.
O vínculo amoroso é chamado de axia, ou casamento andante. O casamento andante parece-se muito pouco ao que no Ocidente se entende por casamento. Cada um mora em sua casa. À noite, o homem visita o quarto da mulher com quem marcou um encontro. Xia, significa amantes, e neste caso, a letra 'a' é um simples prefixo que indica intimidade. [...] Manter esse tipo de relação não implica nenhum vínculo. A visita dura o que durar a noite e não significa tornar a se ver. [...] Tanto os membros de outras aldeias quanto os viajantes podem ter axia com as mulheres Mosuo. Mas elas têm o cuidado de não permitir a entrada se forem de trato pouco amável ou se gostarem de expressar-se com termos obscenos. [...] As damas dispõem ainda de outro privilégio. Quando preferem, fecham a porta." (p. 29-31)

"A família matriarcal é incompatível com o casamento, todos os seus integrantes são consaguíneos. E a sensualidade, essa atividade que pode ser maravilhosa, mas que também é um pouco complexa, nunca bem resolvida nem totalmente satisfeita, que é ao mesmo tempo fonte de prazer e de alto grau de instabilidade, nunca fundamenta um lar. Para praticá-la, devem sair de seus limites. Isso lhes dá a liberdade de apaixonar-se sem correr o risco de, se não der certo, perder amor e família ao mesmo tempo." (p. 85)

"O status das amigas nas família Mosuo é algo que chama a atenção. São muito próximas, dividem seus assuntos e mantêm-se a par das novidades. Quando entro em uma casa Mosuo é frequente que alguma das mulheres saia em busca da amiga. Voltam de mãos dadas, excitadas pela presença do estrangeiro, e depois se sentam para compartilhar a experiência e opinar ao mesmo tempo. Minha visita é um evento que não pode ocorrer sem que uma amiga o presencie. Riem juntas, acostumadas a um mesmo código de humor. Seguram-se as mãos, abraçam-se, tocam seus rostos." (p. 92)