segunda-feira, 26 de abril de 2010

"As meninas" de Lygia Fagundes Telles no teatro

O romance emblemático dos anos 70, clássico da literatura brasileira, de Lygia Fagundes Telles, ganha vida nos palcos, com adaptação de Maria Adelaide Amaral e direção de Yara de Novaes.

Na São Paulo no final dos anos 60, auge da ditadura militar, três jovens universitárias convivem num pensionato de freiras relativamente liberais e progressistas - Lia, Lorena e Ana Clara. O livro narra os encontros e desencontros dessas três garotas com o conturbado mundo que as cerca. Ano da publicação do romance: 1973. Ano também do governo Médici, de censura, de silêncio.

Com lucidez e técnica contundente, Lygia Fagundes Telles retrata esse tempo por meio dos sonhos e da ótica dessas três meninas: a aristocrática e romântica Lorena, que transpira generosidade e aspira viver um grande amor com um homem mais velho e casado; Lia, idealista e guerrilheira, a subversiva e flamante Lião, tranca a matrícula na faculdade e vai à luta pela causa da liberdade, sonhando em reencontrar o namorado, preso político e torturado; e Ana Clara, a bela modelo que mergulha nas drogas, chamada de Ana Turva pelas outras, mas acredita que um rico casamento possa libertá-la da dependência e do pavor da miséria.

Somando-se e entrelaçando-se à história principal, destaque para a Mãezinha de Lorena, tão fútil quanto atormentada pelos sinais de velhice, e com eles o terror de perder seu jovem namorado. Max; o belo e frágil amante de Ana Clara, que trafica para garantir a própria droga; Guga, colega de faculdade de Lorena, que abandona o curso de Direito para se tornar um despreocupado militante do movimento Paz e Amor; e Irmã Priscila, a freira perplexa com a revolução dos costumes que atinge a todos, leigos e os religiosos. Como pano de fundo em AS MENINAS, um apaixonante retrato político do Brasil e de um mundo em transformação. Nada será como antes. Nunca mais.

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