por Renata Baldow
Achei por bem começar a falar sobre mim. Tenho 30 anos completos de forma tranquila, sou casada, não tenho filhos (graças à pílula). Sou médica residente, ou seja, estou em um momento de total entrega a profissão. Considero que fui muito bem criada por meus pais e agradeço-os por todos os bons exemplos dados ao longo desses anos. Meu pai é um homem que apesar de pertencer a outra geração, aprendeu a ser moderno em vários aspectos. Minha mãe também e talvez ela seja um exemplo do que a pílula significou (fora o impacto médico-epidemiológico) na vida da mulher, mesmo sem ter usado uma cartela sequer.
Ao possibilitar o direito da mulher em procriar ou não, a pílula abriu o precedente de se ter uma opção em outras escolhas na vida – casar ou morar junto, fazer faculdade ou não, trabalhar fora ou ser dedicada somente às tarefas do lar e por aí vai. Dentro desse contexto mulheres como minha mãe, a princípio criadas e moldadas para terem poucas escolhas, aprenderam a achar o que era melhor para elas e fizeram suas opções, certas ou erradas, mas coerentes com suas necessidades e convicções. As gerações subseqüentes de mulheres já tiveram a oportunidade de ter o direito da escolha embutido em sua criação.
Minha irmã, minhas amigas, eu, nós usamos a pílula, desfrutamos de seus benefícios e de tudo o que ela significou, mas penso que graças a mulheres como minha mãe, usuárias ou não da pílula, mas contemporâneas de uma era de mudanças, graças a elas, temos nossas opções respeitadas, construímos nossas vidas da forma que achamos conveniente. Nestes 50 anos de pílula presto minha homenagem a essas corajosas mulheres que nos abriram caminho. Obrigada às mães, tias, professoras, enfim todas vocês exemplos de vida e luta. Parabéns pelas conquistas!
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