sexta-feira, 7 de maio de 2010

Liberdade & Preconceito

por Alice Birchal


Controlar a concepção nunca foi tão fácil. A pílula proporcionou o domínio da natalidade pela mulher e, consequentemente, um tipo de liberdade em relação ao seu parceiro, isso é certo. Mas será que liberdade quer dizer igualdade (isonomia)?

A liberdade sexual revela a importância da mulher por ser mulher e não por reproduzir outro ser humano. Então, ela passa a se questionar sobre a real necessidade de ter filhos e sobre a verdade da frase tão simplista: toda mulher nasce para ser mãe (será?). Em sequência, o pensamento: se eu não for mãe, ou se eu não for mãe, o que farei? Daí foi um pulo para ela ir ao mercado de trabalho, descobrir novas funções e relações sociais, inclusive, sentimentais.

A descoberta da pílula alia-se a um cenário anterior e simultâneo de fatos históricos e sociais relevantes, tais como: a segunda grande guerra, os efeitos da revolução industrial, a grande queda de 1929, o movimento feminista, dentre outros. Muitos anos após, em 1977, o divórcio no Brasil.

A liberdade da mulher me parece ter se concretizado com a possibilidade dela escolher entre ter ou não filhos, ou tê-los no momento e na quantidade do seu desejo, e desejo vem de dentro (dela) para fora.

A pílula estimulou descobertas de novas técnicas de contracepção e de reprodução assistida que proporcionam aos casais novas organizações familiares. A escolha deixou de ser apenas feminina e, nesse sentido, também libertou o homem.

Ao mesmo tempo, velhos tabus estão presentes em parte da sociedade, como a valorização da virgindade e da reprodução dentro do casamento. A violência psicológica e física contra a mulher também é enorme, uma vez que há homens e filhos que ainda julgam a mulher como ser inferior e que deve apanhar e ser ofendida.

A escolha de ser ou não mãe é pessoal e livre, mas o tratamento dado à mulher pela família e pela sociedade parece não ter evoluído muito. A autoridade e importância feminina no seio familiar, além das desigualdades de tratamento profissional entre ela e o homem para o exercício da mesma função, revelam-se na diferença salarial para menor no caso feminino e não alcançaram o princípio da igualdade (isonomia) dos gêneros.

A ciência derrubou a barreira biológica, mas ainda não conseguiu transpor a barreira da diferença social entre o homem e a mulher. Concluindo: é mais fácil evoluir cientificamente do que vencer barreiras do preconceito.

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