por Natália Brunacci
Eu me considero uma pessoa desprendida. Não tenho medo de mudanças, reestruturações ou recomeços. Minhas ambições e planos sempre foram globais, como diz a minha irmã, eu sou “do mundo”. Por sorte escolhi uma profissão adequada à minha inquietude: sou geóloga. Hoje a minha opção de vida é desfrutar de tudo que a minha profissão tem a me oferecer. Amanhã, se eu decidir constituir família, já é outra história.
Assim que eu me formei em geologia, arrumei um emprego em uma empresa de mineração numa cidadezinha do interior de Goiás. Sem saber o que me esperava, juntei minhas tralhas, despedi-me da mordomia de BH e fui...
Eu era a primeira geóloga mulher da empresa, E em uma cidadezinha movida à mineração, geólogo é “doutor”. Havia também outras mulheres trabalhando lá, mas todas em cargos administrativos, e a maioria delas era casada. Geóloga e solteira, isso fazia de mim um animal muito mais exótico!
Devo admitir que sempre fui respeitada no meu ambiente de trabalho, principalmente pelos funcionários supervisionados por mim, graças à hierarquia empresarial. As piadinhas, por incrível que pareça, vinham das pessoas do meu patamar, ou seja, dos meus “colegas”. Machismo disfarçado de piada.
Muito trabalho, conquistas concretas e mensuráveis e constante auto-afirmação. Independente das vitórias profissionais, o respeito só era conquistado no bar! Meus amigos falavam com orgulho: “A Natália bebe igual homem!”. Mais uma afirmação preconceituosa, porque na verdade eu deixava todos os meus “colegas” no chinelo quando a disputa ia para a mesa do boteco, e mesmo assim eu nunca ouvi um “A Natália bebe muito mais que qualquer homem!”. Puro desperdício de fígado!
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