quinta-feira, 3 de junho de 2010

Não há emancipação pacífica

por Maria Izabel Brunacci

(Professora de literatura brasileira, autora da livro Graciliano Ramos, um escritor personagem e escritora no blog PedraPalavraVoz. Mãe de Angélica e Natália. Avó de Sofia e Laura)


Nenhum processo emancipatório é pacífico. Com a liberação feminina não foi diferente. Em uma sociedade sexista, com o predomínio do poder masculino a submeter as mulheres, não poderia faltar o conflito.


Pelos mais diferentes motivos, as mulheres ousaram abandonar maridos e reivindicar a guarda dos filhos. A reação a esses voos de liberdade é sempre violenta. Os crimes passionais tiveram verdadeira escalada nos últimos 30 anos, aparentemente na mesma proporção em que cresceu o número de mulheres que decidiram se emancipar.


Ainda na década de 1970 surgiu nos meios jurídicos a tese da “legítima defesa da honra” para justificar os assassinatos de mulheres pelos maridos inconformados com a separação. Hoje desacreditada pela Lei Maria da Penha, essa tese serviu para abrandar a pena de alguns assassinos de mulheres, como o famoso playboy Doca Street, que matou a tiros a socialite mineira Ângela Diniz.


Essa escalada de violência contra as mulheres foi tão intensa que motivou protestos por todo o país, dando origem ao slogan “Quem ama não mata” e mobilizando pessoas de todas as classes sociais para que se estabelecesse um marco legal de proteção da mulher contra a violência doméstica e os criminosos passionais.


Ao longo desses 30 anos, a pílula anticoncepcional foi se modificando: deixou de ser a “bomba hormonal” do início dos anos 1970 e passou, com menos efeitos colaterais, a ter maior eficácia nos efeitos contraceptivos.

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