por Laura Serra
Bom, nesse primeiro texto tenho a difícil tarefa de tentar me descrever. Então vamos lá…
Quem me conhece, de cara, sempre diz que pareço ser mais velha do que realmente sou. Mas não no sentido ruim e sim por ter uma presença forte, com postura confiante, íntegra, paciente, com tom de voz mais grave e que sabe a hora de falar e de ouvir, medindo bem as palavras. Realmente sou uma boa ouvinte, e acho que fui aprimorando essa minha qualidade pelo tipo de trabalho que faço. Sou consultora da área de gestão e preciso ficar muito atenta ao que as pessoas falam, pois na maioria das vezes, as grandes oportunidades de ganho ou melhoria estão nos pequenos detalhes e comentários que as pessoas soltam.
Confesso que realmente sou pacífica, apesar da alma ariana, mas acho que é porque tento me conter depois de ter quebrado a cara algumas vezes por sair falado e fazendo o que queria. Aí não dá outra, quem fala o que quer, geralmente ouve o que não quer mesmo… Acho que tenho alguns botões que quando acionados, ai caramba, aviso: você acionou uma bomba, kkkkkkkk! E isso para tudo! Faço de tudo para não entrar em uma briga, mas se entro também pago para não sair!
No fundo sou sensível sim, mas detesto sofrer e ficar melancólica, por isso dou um jeito de me curar rapidinho de decepções. Tenho uma amiga que um dia me falou que eu sou muito cara de pau, pois toda vez que conheço um cara que fica muito empolgado, prometendo mundos e fundos, falo que tenho medo de me envolver demais, ceder e depois sofrer, mas segundo ela não sofro porcaria nenhuma. Se o cara pisa na bola faço um comentário aqui, outro ali, e na próxima semana já estou pronta para outra, rsrsrrs.
Mas aviso amiga, é porque tenho um jeito muito fácil de superar as coisas. Se vejo que o cara está afim mesmo e o sentimento é sincero faço de tudo para que ele e eu sejamos felizes. Sou dessas companheironas que apóiam, colocam o cara “para frente”, aplaudem o sucesso dele, perdoam os fracassos, amam com toda a força! Mas se vejo que o negócio é meio papo furado, saio fora e esqueço mesmo, deixo tudo no passado. Foi como disse para aquela amiga: não tenho problema de auto-estima, gosto de quem gosta de mim, confesso que sou um pouco orgulhosa, rsrsrs.
Quando pequena era da “pá virada”. Super comunicativa, ativa e, para alguns, até meio inconsequente. Minha diversão era sair pela rua de pés descalços, fazer aventuras no riachinho, andar de bicicleta, descer a pirambeira do meu bairro sem freio e com alguma vizinha em busca de fortes emoções em cima do guidon, kkkkk. Adorava também fazer teatro, juntar o pessoal do bairro, montar peças e chamar toda a vizinhança para assistir. Como era desinibida, queria sempre fazer o papel principal, e decorava o texto diretinho, tinha muita facilidade de imitar pessoas e sotaques. Acho que por isso tenho facilidade em aprender línguas. Amo falar outros idiomas.
Gostava de andar com meninos também. Acho que por ter um irmão com quem me dou suuuuuper bem. E dou graças a Deus por não ter tido irmã porque acho que não ia ter paciência para crises de fragilidade ou de implicâncias por bobagens e picuinhas, que normalmente nós mulheres temos. E eu admirava meu irmão. E ainda admiro, claaaaro. Mas lembro-me que queria ser como ele, fazer o que ele fazia. Lembro-me também que aprendi a dar nós nos sapatos por causa dele, pois claro, ele era mais velho e aprendia as coisas antes de mim. Talvez aí o início da minha precocidade.
Machucava muito. Nossa, como meus pais devem ter sofrido! Estava sempre planejando minha próxima aventura, mas nunca pensava nos riscos, rsrsrs. Mas meus pais também nunca me censuraram por nada, mesmo depois de: ter tido traumatismo craniano aos 3 anos; ter caído da escada para, segundo meu irmão, buscar uma boneca que tinha caído; ter dado ponto na cabeça, no joelho, no pé; ter esfolado a bunda depois de descer num tobogã de vestido; ter caído de cara numa piscina vazia (não achei que tinha água não viu, rsrsrs!, brincávamos de ranca na piscina da escola e tinha saído correndo, toda esbaforida porque o sinal estava tocando para voltar para a sala de aula, em busca do meu chinelo que tinha ficado para trás e, pum, tropecei e caí de cara).
Ahhh, foram tantas quedas, machucados, pontos… Mas nunca quebrei um osso. E falo isso com o maior orgulho, apesar de querer ter usado gesso. Lembro-me que uma vez eu e minha prima conseguimos gesso com um médico maluco (claro que maluco, onde já se viu dar gesso para criança?) e engessamos nosso braço, ai ai.
Fui, de fato, criada para o mundo. Esse foi o maior presente que meus pais me deram. Com pouca idade morei um ano na Austrália por intercâmbio escolar, depois seis meses na Bélgica durante o período da faculdade e, recentemente, voltei dos EUA depois de ter participado de dois projetos de consultoria pela empresa onde trabalho.
Detesto fofoca, mesquinharia, desigualdade e preconceito! Sou uma pessoa prática e feliz. Enfim, de bem com a vida!