quarta-feira, 3 de março de 2010

Ah, essas mulheres!!!

por Laura Medioli, publicada em 21/10/2008

Uma amiga me liga; quer saber minha opinião sobre a cirurgia de redução de estômago. Conhecendo-a há tantos anos e sabendo da sua dificuldade em emagrecer e levantar a auto-estima, apóio.

E lembro-me de quando era adolescente, com meus 38 quilos, louquinha pra parecer gente, ou melhor, mulher. Colocava sob a calça jeans uma meia grossíssima de lã, para ver se a perna engrossava um pouco. Quase morria de tanto calor, mas e daí? Na minha cabeça, era preferível torrar do que desfilar com minhas pernas finas num jeans justo e desbotado.

E me impressiono com as adolescentes de hoje que, ao contrário de mim na idade delas, param de comer para ficarem magérrimas. Quem é que entende? Até porque, quem gosta de mulher esquelética são as próprias mulheres. Homens, não. Pelo menos o que escuto deles por aí.

Mas nós mulheres somos assim, as que têm cabelos encaracolados querem tê-los lisos, as que têm lisos querem anelados. A loirinha se derrete no sol para pegar uma cor, a morena sonha com cabelos e tez claras; uma consegue enxergar celulite até nos dedos do pé, outra, não satisfeita com o que a natureza lhe deu, taca logo 250 ml onde não carece de 10. Fora aquela que passa horas no espelho repetindo o mantra: tô gorda!!! E, angustiada com a situação, ataca a geladeira.

Quando jovem, mesmo sem vontade, empurrava comida: banana com mel, mingau de maizena, broas de fubá... Alguma coisa tinha que surtir efeito, algumas calorias a mais pelo amoooor de Deus! Pelo menos que me fizessem chegar aos 40 quilos. E nada; cresci e me casei pesando 39. Como diriam os convidados, estava mais para debutante do que para noiva. Fazer o quê? Engordar, né?

E foi o que fiz durante a gravidez. No início olhava para o espelho me achando o máximo. Finalmente as pernas e o bumbum que pedi a Deus! Só que depois o negócio foi extrapolando e rapidamente tive que conter as rédeas.

Infelizmente, com o passar dos anos, engordamos comendo ou não. O metabolismo diminui, o pique é outro, os hormônios passam a ditar as regras. E nessas horas, todo cuidado é pouco. Sem neuras, claro!

De vez em quando chuto o balde e me empanturro de chocolate. E que se danem os hormônios que também ninguém é de ferro. O negócio é ter equilíbrio. Hoje não preciso de meias de lã sob a calça, na verdade me preocupo é quando a calça começa a apertar. Felizmente puxei a conformação física de minha mãe, e assim posso me dar ao luxo de extrapolar de vez em quando. Repito: de vez em quando.

Mas voltando às eternas insatisfações femininas, divirto-me ao lembrar da história de outra amiga que, após o terceiro filho (vindo meio sem querer), resolveu dar uma "levantada de moral" que, segundo ela, após três gestações e seguidas amamentações foi parar no umbigo. Seguindo a recomendação de sua ginecologista, marcou consulta com renomado cirurgião. Com três crianças pequenas, sem tempo para se cuidar e com a lei da gravidade batendo de goleada, lá se foi em busca da tal e tão necessária "levantada".

O susto começou na sala de espera quando, de repente, um homem jovem, maravilhoso e cheio de charme, vestido de branco, atravessa o recinto com um cordial bom dia.

- Epa! Será que é esse o...

Era. Para o seu desespero, o próprio.

Quer matar a sua médica. Por que ela não lhe avisou antes que o sujeito era um deus grego? Como é que ela iria tirar a blusa para um homem daquele? Com as coisas lá no umbigo? Que nem índia velha? Sem chance.

Quer desistir da consulta quando é chamada pela secretária.

E ali, sentada à mesa defronte ao deus, tem vontade de sair correndo. Até que ele, educadamente, lhe pergunta: - Pois bem, o que a trouxe aqui?

E ela, num lampejo de sabedoria, responde: - O nariz, doutor. Eu odeeeeeeio o meu nariz!

Mulheres! Ah! Essas mulheres!!!

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