quinta-feira, 4 de março de 2010

Ah! Essas mulheres! (parte dois)

por Laura Medioli, publicada em 28/10/2008

Homens adoram dizer que as mulheres, além de complicadas, são indecifráveis, o que acho ótimo. Já pensou que falta de graça, se conseguissem ler nossas entrelinhas? Perceber nossas artimanhas (no bom sentido) e desnudar com facilidade os nossos véus? Onde ficaria o mistério, o segredo necessário, o potinho de surpresas?

Choramos muito, rimos muito, falamos muito, amamos muito e somos capazes de fazer tudo ao mesmo tempo, com nosso emocional nadando de braçada no racional deles.

Mulheres!!! Adoro observá-las, vivenciar seus momentos íntimos. As conversas divertidas no quarto da amiga, a troca de experiências, as roupas compartilhadas, a cor do esmalte, do batom, opiniões requisitadas, a dúvida do ligo ou não ligo, a cinta que espreme a barriga, a meia que levanta o bumbum, o pretinho básico que já anda sozinho, o "scarpin" salto 15 que nos arrebenta, (mas é lindo!), o deixar-se ficar no sofá após o dia exaustivo, o telefonema quilométrico depois da noitada e a amiga do outro lado, interessada nos detalhes (Uau!).

E eles nem de longe imaginam nossos segredos de alcova: os fios louros e discretos mesclando os cabelos castanhos. Naturais? Que nem os turbinados da global. Os cabelos espetados na toquinha de borracha, usada para fazer as tais mechas. Se algum homem vir aquilo sai correndo. "Nada mais feio e ridículo", como diria o meu amigo Renê.

Maquininhas que dão choque, congelam, esquentam, espremem, sugam, tudo para detonar gordurinhas indesejadas. Se funcionam? Sei lá. Como diz a outra, nessas alturas do campeonato topamos qualquer parada.

Hoje uma amiga leu na internet que inventaram um produto para emagrecer dormindo. Quer ler a notícia com calma, se interessou totalmente. - E você realmente acredita nisso? Perguntei divertida. - Uai, Laurinha...

Já se entupiu de chá verde, chá sete ervas, chá 30 ervas e, não satisfeita, diz que o negócio agora é chá de hibisco: cinco quilos a menos por semana. Tudo bem; com ginástica, aeróbica, trancamento de boca e o tal chá, até dez, né? Sozinho é que não dá. E ela me garante que dá. Então, tá.

Mulheres!

Há alguns meses, Melanie, uma pós-balzaca neozelandesa veio passear no Brasil acompanhada pelo marido e uma grande amiga que há anos mora por lá. Minha amiga já havia dito: para as neozelandesas, nada é fácil. Não como aqui, que num salão resolvemos tudo dos pés à cabeça. Fazemos pé, mão, cabelo, depilação, banho de lua e por aí vai. Lá não. Existe um lugar para cada coisa e mesmo assim, custa o olho da cara. Se você quiser fazer o pé, tem que ir ao pedicure. A mão, à manicure. Cabelos? Ao cabeleireiro. Depilação? Bom, isso aí nem sei. Pelo jeito, sequer existe...

Decidida a dar uma "geral" na amiga estrangeira, minha amiga convenceu-a a se depilar pela primeira vez. Costume comum entre as brasileiras, desde mocinhas, aprendemos a lidar com a situação. Mas como explicar a ela, uma mulher adulta cheia de recalques o que acontece numa mesa de depilação? Como entender o porquê de uma de suas pernas ir parar em Mercúrio e a outra em Plutão? Enquanto uma mulher espalha uma cera quente, fedorenta e pegajosa, numa completa "sessão tortura", nas canelas... nas pernas... nas coxas, e lá? Falando que nem uma condenada o que, aliás, ela não entendia bulhufas? Puxa daqui, puxa dali e, para o seu espanto, finalizar tudo numa minúscula "tirinha pornográfica", segundo nos diria depois, hor-ro-ri-za-da!? Oh, my God!!!

Bom; horrorizada até antes da manhã seguinte, quando apareceu com aquele sorrisinho na cara, aquele ar de felicidade que perdurou até o fim de suas férias. Estranhamente, o mesmo sorrisinho do marido, um australiano bonachão, bem-humorado e entusiasmadíssimo pelo Brasil. Agora então, mais que nunca. Claro, não tínhamos intimidade o suficiente para perguntar a ela sobre certas coisas. Mas de uma coisa eu e minha amiga tínhamos certeza: não foi o clima e nem a comida o que mais a agradou no Brasil.

Ah! Essas mulheres!!!

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