por Laura Medioli, publicada em 14/07/2009
Mal despontamos no mundo e já nos vestem de cor de rosa. Mães, cheias de caprichos, ainda na maternidade pedem para furar nossas orelhas, enfeitando-as com minúsculas bolinhas douradas. Dizem que a cartilagem é fininha e por isso não dói. Hum... Sei. E quem é que garante?
Minhas filhas foram que nem eu, só furaram quando bem entenderam e por vontade própria. Uma delas teve tanta vontade que furou seis buracos de uma vez, três em cada orelha.
- Filha! Você tá maluca? Desse jeito a orelha cai!
- Que isso, mãe!
Felizmente, no lugar de penduricalhos, colocou bolinhas e algumas coisinhas miúdas que nem as das bebês. Confesso que gostei, embora não tenha aprovado de todo.
- Filha! Não se fura orelha à revelia. Este é um lugar onde existem pontos energéticos. Se furar no lugar errado, pode te complicar a vida, sabia? Ao menos vá a um acupunturista para que ele te mostre os locais certos.
- Que isso, mãe!
A outra, ainda menina e influenciada pelas amigas, cismou de fazer tatuagem.
- Não, não e NÃO! Fui radical. Quando for mais velha e estiver ciente de que realmente é isso o que quer, faça, mas não agora.
E claro, ela fez. Com 18 anos passou a carregar um símbolo do infinito no corpo. E eu, pra bem dizer a verdade, adorei. Discreta, pequena, charmosa... a cara dela!
Hoje, diferente do meu tempo de adolescente, grande parte das garotas andam produzidérrimas: maquiadas, cabelão na cintura, óculos escuros cobrindo metade do rosto, sandálias altíssimas, luzes nos cabelos e cara de adultas. E me pergunto: pra que isso tudo? Na minha época, eu só usava batom vermelho e sandália alta para parecer mais velha e poder entrar no cinema. Também para não ser chamada de pirralha pelo menino que normalmente não me dava a mínima. Pra piorar, ainda enfiava um Hollywood na boca e saía com o maço despontando no bolso. Crente que era gente, achava lindo fumar. Só fui cair na real quando, com 15 anos, após uma aula de balé, resolvi acender meu Hollywood. A primeira a ver a cena foi a professora escandalizada.
- Laura, você fuma??? Daí a pouco juntaram outras e mais outras ao meu redor.
- Menina, quantos anos você tem???
E eu, com a vozinha mais sumida do mundo: - Quinze!
E uma delas, pra acabar de me acabar, saiu com esta: - Oh! Pensei que você tivesse uns nove!
Depois disso, entendi que não seria o cigarro e nem o batom vermelho que me fariam entrar no cinema ou ser olhada pelo bonitão do 3º científico. Na minha época, fumar era bacana, agora é careta. Ponto para os jovens de hoje que ganharão em saúde e mais alguns anos de vida pela frente.
Há muito deixei de fumar e de usar sandálias que me derrubam. Nada como buscar a simplicidade e o conforto no dia a dia. Procuro mostrar isso às minhas filhas que, felizmente, de frescura e modismos bobos não têm nada. Tanto faz se a camiseta é da Forum ou da C&A. "Marca da etiqueta", no dicionário delas, está longe de ser o essencial.
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